As Rendas de Bilros de Vila do Conde foram, mais uma vez, distinguidas com o Prémio Cinco Estrelas Regiões 2024 – Distrito do Porto, categoria Artesanato.
No total foram avaliadas 1.036 marcas e estiveram envolvidos 454.000 consumidores nos testes de seleção deste prémio que visa distinguir os principais ícones regionais,
como praias, monumentos, museus, aldeias e vilas ou cozinha tradicional, além de avaliar as marcas regionais e premiar as que se evidenciam pela sua excelência e elevado nível de satisfação global junto dos consumidores, contribuindo para a promoção das regiões onde estão inseridas.
A origem das Rendas de Bilros de Vila do Conde remonta ao século XVI, admitindo-se que esta técnica tenha sido trazida do Norte da Europa por marinheiros e comerciantes, que mantinham estreitas ligações com o entreposto comercial da Flandres.
Em plena epopeia dos Descobrimentos, Vila do Conde conheceu um desenvolvimento que a marcou até aos dias de hoje. A construção naval em madeira ainda se mantém, assim como a feitura das delicadas rendas de bilros, que a tradição quer inspiradas na espuma das ondas do mar e ligadas a uma localidade piscatória.
No final do século XVIII, as rendas eram vendidas por todas as províncias e, no século seguinte, mantêm grande projeção, tendo estado presentes na Exposição Universal de Paris, em 1867.
Com o desenvolvimento industrial e a mudança dos estilos de vida, o uso das rendas entra em declínio, perdendo em qualidade e quantidade. Nos princípios do século XX, Vila do Conde tem a sua produção estagnada, e só com o surgimento das escolas de rendilheiras se recupera a tradição.
Em 1978, a Câmara Municipal de Vila do Conde sentiu que a arte de dedilhar os bilros corria sério perigo de extinção, já que poucas eram as mulheres a dedicarem-se a esta arte com tradição documentada desde 1616.
Decide-se, então, criar condições para incentivar quantas ainda sabiam trabalhar na almofada. Como primeira acção, a Autarquia vilacondense promove uma Feira de Artesanato, dando destaque às Rendas de Bilros, mas também convidando artesãos de outras artes a participarem no certame.
Em 1980, também por iniciativa da Câmara Municipal, é criado o Centro de Artesanato, local onde é garantida a aquisição de toda a produção de Rendas de Bilros e, simultaneamente, posto de venda da arte vilacondense. Pouco vocacionada para esta tarefa, surge, no seio de pessoas ligadas à Autarquia, a necessidade de haver uma equipa que se dedique a esta tarefa com mais empenho e dedicação.
É, assim, criada a Associação para Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde (ADAPVC), a que a Câmara Municipal confia a gestão e promoção do Centro de Artesanato e a realização da Feira nacional de Artesanato que, desde 1978, se continua a realizar.